Ensaio Sobre A Cegueira



Filme de 2008
Direção:Fernando Meirelles
Roteiro:Don McKellar, José Saramago (livro)
Elenco:Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover, Gael García Bernal, Sandra Oh, Don McKellar, Maury Chaykin, Yusuke Yseya, Yoshino Kimura




Uma excelente composição cinematográfica baseada na literatura de José Saramago. Juro que quero ler este livro, mas, na obrigatoriedade de outros livros, tenho que caminhar a 5 páginas por dia hehe. Bom, o filme é atento ao enfoque central sobre a cegueira, buscando seus vários aspectos que vão desde a existência natural desta até a situação anormal e desesperadora, como oriunda de uma epidemia, por ataque coletivo e disseminador. Os diálogos trazem inúmeros sentidos, sejam reais, metafóricos ou filosóficos sobre o tema, nos fazendo pensar até o final. Se uma praga contagiante já traria problemas, o que dizer de uma que deixasse a todos vitimados de uma vez só a uma vida sem visão, sem tempo para reaprender a viver nesta situação, como fazem os deficientes visuais normais de nossa sociedade? Cenas fortes, desde o abandono dos contaminados e a vida sub-humana que levam, isolado, até os ataques que sofrem perante os semelhantes que compartilham da doença, mas que não hesitam em formar uma simulação de sociedade predadora dentro do isolamento, propriedade, governo, crime, justiça predatória.


E se, como diz o ditado em terra de cego quem tem um olho é rei, digo que quem tem dois olhos é rainha, fazendo jus ao excelente trabalho de interpretação de Julianne Moore, e da força primordial de sua personagem para a organização daqueles seres perdidos na escuridão, ou será num clarão de cegueira branca? Ou ainda, de quão não menos dura é sua vida, pela clara visão daquilo que seus olhos podem testemunhar, e talvez preferiria não ver.


Trabalho eficiente de todos os atores, Mark Ruffalo, Danny Glover, Alice Braga, Gael García Bernal e elenco comedido ao papel e suas oscilações. Brilhante trabalho de Fernando Meirelles, que acertou a direção desta obra, e o que poderia ser mais um filme de epidemia com filosofia de botequim, rende em cada passagem, harmonicamente montada, um ensaio sobre a cegueira.
Nota 9

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